quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A 3.ª Cidade

no Record...

Paços de Ferreira a capital do móvel, é por estes dias a 3.ª cidade do país. Lisboa e Porto as primeiras. Uma, a capital do imóvel, a outra, a capital da fruta. Lisboa faz jus ao epíteto com tanto e bom edifício para empregar e habitar uma quarta parte de Portugal. Vale que os níveis de cimento regressaram aos tempos poupadinhos de antes do 25 de Abril, mas não a tempo de evitar muita tonelada de paredes sem alma por falta de ocupação. A fruta do Porto é da boa e rende bons juros, “vocês sabem do que eu estou a falar”. Mas nem só dela vivem as suas gentes, o seu espírito, são o sumo, a sua vida.

Em Paços de Ferreira, a estrela do futebol chama-se Vitor. Sim, Vitor. Só Vitor. Se fosse nas capitais maiores, o Vitor era outro. Não o mais conhecido. Seria o Vitor da Silva, Emanuel ou Emanuel Cruz. Algo mais comercial e dado exposições mediáticas. Talvez por isso não tenha vindo para Lisboa. Ou para um bairro de Lisboa, como diriam os da fruta. É como o Joãozinho de Aveiro que andou uns 15 dias a pensar no nome que deveria ter na sua nova camisola verde e branca. João, João Carlos, João Graça. Acabou por manter o Joãozinho e no 2.º jogo fez uma gracinha, marcou um autogolo com as costas, a preocupação com o nome era justificada, quem sabe se com outras letras a bola não batia de forma diferente e não seguia para fora, em vez de para a baliza do Patrício (este nome é dos que não engana, está destinado).

Joga lá também o Caetano. Este já usa só o sobrenome, tem a carreira pensada para altos voos. Se fosse pelo nome próprio era apenas o Rui. Rui há muitos e o maestro ainda é o Costa. Este será mais um Barros. Meia leca, jovem, português e vice-campeão do mundo. Teve nos pés a bola que o podia ter feito campeão em vez de vice. Apesar disso, de todos os vices, será o único que não caiu no esquecimento, como caíram os outros que se estabeleceram em cidades melhores, maiores e com mais oportunidades. Mais competitivas, concorrentes, injustas e viradas para os jovens. Estrangeiros. Brasileiros, hispânicos sul-americanos, africanos ou europeus. Que não lusos.

O treinador é o Paulo. Fonseca. O estádio, o da Mata Real, que não será maior que o do Cova da Piedade. Pequeno e nada dado a megalomanias cimenteiras das capitais. Quem por lá passar até poderá ver as camisolas amarelas a secar nas cordas presas, quem sabe, em móveis em fim de carreira. Pode até já nem ser assim, mas pouco tempo terá passado em que o era. Dificilmente chegarão a jogar nos grandes estádios da Europa. É melhor assim.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Erro Informático!


O famoso inseto traduzido do inglês, portador de um qualquer vírus que não o dengue, mas nos parece ameaçar muito mais do que ele. É a causa de todo o mal. Ou grande parte. Um livro para adultos no plano nacional de leitura das crianças, serviços que não funcionam ou mal, por causa do “sistema” ou da rede que “hoje não dá nada”, um Orçamento de Estado para 2013, com medidas violentas também para os sistemas que e o implementam e correm o sério risco de o fazer mal. E sempre o mesmo, o erro informático!

São bites e bytes a circular pelo cabo, pela fibra, pelas frequências que atravessam tudo, incluindo nós, deixam-nos o mundo à distância de um clique, e a miragem da velocidade da luz transformada em realidade. Virtual. Uma revolução. Depois da industrial, a digital. Na industrial, a produção em massa com mais e melhores meios, o capital, o início da globalização, mas ainda um ritmo acompanhável. Antes da industrial, muito antes, a agrícola. Também ela radical. Trouxe alimentos, autossuficiência e uma vida nova, mas ainda saudável. Agora, a revolução da informação digital global. A tecnologia de ponta capaz de possibilitar o impossível. Se não tiver erro. Se não for um erro. O que ontem era de ponta, hoje já não é. Evolui muito rápido. Muito mais do que o ser humano consegue seguir e quando assim é quem perde é o ser. A sua capacidade de adaptação, a do humano, é distintiva entre os seres, mas nada de abusos. Diz a medicina que uma das doenças mais difícil de combater, o cancro, resulta desse abuso, das grandes, repentinas e não acompanháveis alterações do meio envolvente. No digital o ritmo é de top, alto débito de informação, exige esforço com reação imediata e constante. Absorve-nos, puxa-nos, deixa-nos corcovados, rebaixados perante o aparelho. Em vez de nos elevarmos, ficamos mais baixos. Sendo a altura média, um indicador de saúde e bem-estar, o pronuncio não pode ser bom, embora pareça, a exigência sempre foi, boa. A tecnologia é boa, o facebook até ajuda a curar depressões. Tem lógica, insere-nos socialmente, embora que de forma virtual. Aproxima-nos, mas tira-nos algum tato. Parece lógico um jornal despedir para se dedicar à versão online, mandam as audiências e as tiragens. Lógico, mas com erro estratégico. Já temos carros que andam sozinhos, mas estudos revelam que estamos menos inteligentes. Nós menos, as máquinas mais, triunfa a inteligência artificial. Deixamos de ser reais. O erro informático, é humano. Se o eliminarmos, corremos sérios riscos.