Soube-se na
semana que passou que o Governo abandonou definitivamente o TGV.
Mas quê em
andamento? A alta velocidade, isso é capaz de aleijar! Assim de repente, sair
de comboios em andamento, só me lembro do comboio da Costa, o TCC. Se o Governo
tivesse abandonado o TCC, doía menos.
Quer dizer, mesmo no TCC é preciso tomar
precauções. Um gajo sem destreza, até pode ficar preso nos apoios laterias dos braços,
por uma perna e ir de rojo pela areia até à próxima praia. Menos grave mas
também comum e igualmente aborrecido, nestes saltos do Transpraia, é dar cabo de
uma unhaca do pé, que aquilo é feito de ferro maciço, à boa moda antiga. Provoca
dores e causa arrelias por causa da areia. E eu sei do que estou a falar, já
tiveram alguma intervenção cirúrgica na unha grande do pé? Eu já, posso dizer
que dói e não é nada giro ir para a praia com uma meia de licra preta. Um salto
mal calculado pode ainda dar azo a uma aterragem forçada e bastante
incomodativa em cima daquelas plantas com picos, que eu não sei agora o nome,
parecem aspirantes a catos do deserto, de aspecto frágil e inofensivo, mas que picam
bem! O que vale é que nem tudo é mau na ciência do abandono de comboios em
andamento, em particular do Transpraia.
Um mergulho bem sincronizado naquela
areia, que é bem fina e fofa, é quase como mergulhar na água. É capaz de
arranhar um bocadinho mais, mas não há bela sem senão. Belas dunas, as da
Costa! Uma vez… Alto! O texto
é sobre sequências de carruagens inanimadas encaixadas e como sair delas a relativa
velocidade. Nada mais.

Um TGV em
Portugal seria quase como colocar um Alfa Pendular descapotável a fazer a linha
das praias da Costa. Tem tudo para dar errado. Primeiro, não dava jeito nenhum
para atravessar a linha a pé. Está um gajo carregado com chapéu de sol, toalha,
protetor, cadeirinha, balde e pá, lancheira e jornal da Bola. Pára, escuta e
quando olha… VUUMMM… passa o comboio e vai tudo pelo ar. Depois, não há espaço
para a aceleração, quando chegasse aos 150 à hora tinha que começar a travar
para não cair no Cabo Espichel. Mesmo que lhe fosse feito um tunning, com
aileron, cabos eléctricos de fibra ótica e varetas em alumínio e, fizesse 10
segundos dos 0 aos 100, tomávamos um banho de areia sempre que passasse e, se quiséssemos
ficar na praia da Riviera por causa das gajas, só parávamos na da Raínha. Tínhamos
que levar com os putos e uma toillete de mouro empoeirado a cuspir areia que arruína
qualquer tentativa de engate. Seria necessário investir também em tunning de travagem, com discos de alumínimo platinado, mas aí o orçamento poderia começar a resvalar e o chumbo no Tribunal de Contas seria quase garantido. A mim não me faz falta, eu fico logo na praia da
Mata, é boa para os putos e chega-se rápido (mais ou menos, em dias bons) de…
carro.
Portanto, isto
do TGV, não é para nós. É de louvar este abandono do Governo, pois abandonos a
alta velocidade, como já vimos, é bastante perigoso.
Seja como for,
já se fazem ouvir as vozes discordantes. O TGV foi abandonado, mas parece que
vinha carregadinho de dinheiro. Um vagão ou mais, cheios de notas de euro que
seguiu caminho. Pelo menos foi o que um autarca de Elvas já veio apregoar. Sem
TGV, o Governo já pode fazer uso do dinheiro, diz ele. Eu por acaso não sabia
que as notas já cá estavam. Devem ter vindo pela UPS e a julgar pelas
indeminizações que se falam é bem capaz de ser verdade. Agora, isto vindo de um
autarca é que não lembra a ninguém, só a ele mesmo. Um autarca, é bem capaz de
ir a passear alegremente num corredor da sua Câmara predileta, tropeçar numa
carpete de Arraiolos, gentil e despretenciosamente oferecida por um industrial
local, cair e desaparecer numa cratera financeira não sinalizada. E sabemos
como é difícil sair delas, são piores que buracos negros. Sugam e sugam como se
não houvesse amanhã. Eu compreendo que até convém lembrar aos políticos, que
são seres com amnésia e se esquecem facilmente, que os subsídios são um dia
para repor, mas um timing destes, sei lá, é quase como um autarca vir falar em
dinheiro, poucos dias depois de se terem descoberto mais dívidas em autarquias
e empresas municipais. Já li isto em algum lado, mas não me recordo onde…
Ok, não vou
bater mais nos autarcas. Parece que o Governo prefere investir em linhas de transporte
de mercadorias para ligar os portos de Aveiro e Sines à Europa e até mesmo a
Espanha, como forma de dinamizar as exportações. Que ideia mais estapafúrdia,
estarão os autarcas de Aveiro e Sines a pensar. Não tarda virão dizer: “nós
queríamos era um Transpraia para levar as pessoas e os veraneantes a passear
pelas praias. A Caparica tem um desde o
milénio passado e nós que temos praias melhores e mais lindas, andamos há anos
a pedir, e nada! É o lóbi da capital! Vamos ver como fica o ranking das 7 maravilhas das praias de Portugal e depois falamos”.
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