Aumentaram os delitos
menores, por esticão e assaltos a ourivesarias. Um sinal claro da crise e dos
seus efeitos. É preciso liquidez imediata, não há tempo para engendrar
grandes esquemas, com homicídios pelo meio, correndo-se o risco de não se sair
tão cedo de uma cadeia sobrelotada, onde, ao que parece, grande parte são
estrangeiros, que enganados ao que vinham, tornaram-se violentos. Ser violento
é relativo. Está dentro de nós, faz parte da nossa natureza, só que está
adormecida. Experimente-se não dormir, ou mal, durante muito tempo, junte-se-lhe
fome, ruído, saturação física e psicológica, desespero, luta pela sobrevivência, pânico
e… é vê-la acordar.
Tal como noutras coisas
neste país, também nos crimes, ou na violência se assiste a um desequilíbrio de
distribuição geográfica. Porto e Lisboa têm as maiores fatias e o resto é
paisagem. Ou quase. Na paisagem destaca-se Setúbal, não só pela beleza natural,
mas porque completa juntamente com as capitais os 75% do
crime português.
E, ao contrário das capitais, no distrito subúrbio a tendência é de crescimento, em especial dos ilícitos de natureza violenta e grave. Curiosa esta distinção para Setúbal, qua analisando bem deverá ser o distrito com mais concentração de bairros sociais do país. Um autêntico barril de pólvora. Mas não deixa de ser um luxo para o bandido, ter uma capital mesmo ao lado que o “emprega” e, no seu território, tantos mil metros das melhores praias do país para disfrute nos imensos tempos livres. Um luxo. Se eu fosse bandido também era capaz de escolher o distrito de Setúbal para exercer actividade. Não o sendo, no meu papel de potencial presa, recordo-me de vir na rodoviária pela N10, de Setúbal para Almada, após a entrega da candidatura para a universidade, com o autocarro quase vazio. O quase era um pseudo cowboy com um revólver que parecia limpar.
E, ao contrário das capitais, no distrito subúrbio a tendência é de crescimento, em especial dos ilícitos de natureza violenta e grave. Curiosa esta distinção para Setúbal, qua analisando bem deverá ser o distrito com mais concentração de bairros sociais do país. Um autêntico barril de pólvora. Mas não deixa de ser um luxo para o bandido, ter uma capital mesmo ao lado que o “emprega” e, no seu território, tantos mil metros das melhores praias do país para disfrute nos imensos tempos livres. Um luxo. Se eu fosse bandido também era capaz de escolher o distrito de Setúbal para exercer actividade. Não o sendo, no meu papel de potencial presa, recordo-me de vir na rodoviária pela N10, de Setúbal para Almada, após a entrega da candidatura para a universidade, com o autocarro quase vazio. O quase era um pseudo cowboy com um revólver que parecia limpar.
Já lá vai o tempo, quase 20 anos. Nessa altura estas histórias de gangster eram excepção. Para a praia, íamos uma dezena num carro, deixados na Caparica durante uma manhã por
conta própria. Não havia telemóveis. Havia relógio para estar à hora combinada
para a boleia de regresso. Não havia medo! Dos acidentes na via-rápida. Da
polícia no trânsito. Do mar, do sol, dos olhares e das gentes da praia. Dos
assaltos. Hoje, é mais violento jantar em casa com o telejornal no ar.
Aterrorizador para qualquer criança. Nas escolas surge a ideia de separar os bons
dos maus. Má ideia. O Bem e o mal sempre coabitaram. Complementam-se e
contribuem para o equilíbrio e crescimento pessoal. A seguir vão-se alterar os contos infantis.
Pega-se no lobo mau, na bruxa, no ogre, no monstro e na madrasta má, e metem-se
num comboio a caminho de um campo de concentração. Ficam os 3 porquinhos, os
cabritinhos, o Capuchinho Vermelho, a Branca de Neve, o João pé de feijão e a Bela
a viver em harmonia e paz. Até o dia, em que os 3 porquinhos ficam fartos de se
aturar na mesma casa, os cabritinhos querem comer o pé de feijão, o João os
cabritinhos, mas também a Branca de Neve, e a Bela e o Capuchinho insultam-se
com ciúmes. Alguém se passa da marmita e ganha um bilhete de comboio. Por mais
que se tente controlar, há coisas que não se controlam. Os contos infantis
serão sempre como os conhecemos. Violentos q.b.
Ainda o RASI e por fim um
dado curioso que me dá jeito para finalizar, diminuíram os crimes de violência
doméstica e os sexuais, o que equivale a dizer que em tempos de crise
entendemo-nos no aconchego do lar. Por isto e tudo o resto, não interessa agredir
e acusar, importa sim, fazer as pazes e como ficou provado pelos fregueses é
possível haver grandes manifestações sem violência. Posso estar a ser lírico,
lamechas, ingénuo, acomodado, choninhas, mas quando vi o anúncio que se segue pela primeira
vez, parei em frente à TV. Continuando na onda estatística e aproveitando a
deixa da revista Maria (sim, não é só nos jornais intelectuais que se aprendem
coisas, nestas revistas há muitos bons ensinamentos para a vida) que refere que
até fazemos mais sexo que os outros, acrescento mais uma frase ao filme
publicitário da Coca-Cola - "por um mundo melhor": por cada um que comete um acto de violência, há não
sei quantos mais que fazem amor! E siga a dança!
PS: E
não é que a dança seguiu mesmo... para a hora do almoço? Nem de propósito. Uma
moda sueca: dançar na hora do almoço. Parecida com esta só me lembro da do
lusco-fusco. Está no espírito. Duvido que alguns voltem para o trabalho na
parte da tarde.
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