A MAC é vida.
Fechá-la é morrer. É matar um pedaço de Portugal. É
dispersar e perder conhecimento acumulado de valor incalculável na ciência de
fazer nascer, dar vida e oferecer paternidade. A MAC é também sinónimo de
justiça e pluralidade social. Todos nascemos iguais, ou devíamos, quanto mais
não fosse na possibilidade de acesso a cuidados de assistência médica com
segurança e qualidade.
O nascimento é
um elemento fulcral da sociedade. Contribui para o equilíbrio da pirâmide
demográfica e numa altura em que se fala tanto na sustentabilidade da segurança
social, congelam-se as reformas antecipadas a montante e cortam-se nos
nascimentos, a jusante. É claro que este corte é insignificante em termos quantitativos,
mas como se já não bastasse a falta de política de incentivo e apoio à
natalidade, não deixa de ser mais uma machadada. Mesmo que simbólica e moral.
Apesar de não conhecer os números, simbólica deverá ser também a poupança de
despesa que justifica este fecho. Ou o ganho na rentabilização do
aproveitamento dos serviços de parto e neonatologia de outros hospitais. Ora,
sendo simbólico, de certo não o será a dispersão, logo perda, de conhecimento
de valor inestimável, como já referi. Nascer não é como arrancar um dente, por
muito amor que se tenha a um dente. Nascer é sim, o expoente máximo de um acto
de amor! Com todo o sofrimento, emoção e responsabilidade que
acarreta. Então porquê fechar? Privilegie-se pelo menos desta vez o que é
genuíno, nosso, tradicional, cultural, cientifico!

Fechada, ficam
por lá as paredes e a alma de outros tempos. Os corredores vazios, quartos
abandonados, consultórios fantasma. Fecham-se os olhos e apenas assim se conseguirá
ver a agitação dos enfermeiros, se perceberá o nervosismo de um pai que espera,
se ouvirá o grito e se sentirá a força sobrenatural de uma mulher que pare… o
choro de um bebé que agarra a vida. E um berço.
O berço Guimarães,
foi-o em tempos. De batalha, conquista, sangue e morte. Nasceu à bruta e sem
cuidados, uma nação. De uma só vez. Portugal nasce e renasce todos os dias. O
berço da nação, teve a usa importância naquilo que somos hoje. O berço de
Portugal foi sendo e é a evolução do nascimento, mas aos poucos parece que vamos
regredindo até aos tempos medievais. Até deixarmos de ser um país, de
existirmos, de ter um local onde nascer. Paisagem deserta, onde no silêncio adamastor de montes, vales, nuvens carregadas e céu cinzento, apenas ecoa
o ressoar do vento pelo mato, como um último suspiro, onde em tempos houve
vida.
Abram-se os olhos. Feche-se a janela. Apague-se a luz. Mas não se feche a porta.
Com vinte anos tive lá a primeira filha. A seguir um filho e passados quase dezanove anos de novo uma menina veio fechar a porta.
ResponderEliminarHá três meses, nasceu lá o primeiro neto!
Tenho muito gosto em ser uma mulher que não contribuiu para a baixa da natalidade e consequente envelhecimento!!!
Sentia orgulho quando noticiavam que a MAC era uma das melhores da Europa e a melhor do nosso país.
Agora...porquê?
Não haverão muitos e muitos mais sitios onde cortar???
Há com toda a certeza!!!
Que renegoceiem as PPP's onde estão incluídos os hospitais privados (Loures por exemplo) e deixem tranquilas, as mães coragem deste país, que querem dar á luz na MAC.
Manuela Mendes