quinta-feira, 15 de março de 2012

O Álvaro II – O lóbi ataca

Tal como esperava o Álvaro voltou outra vez à cena. Aliás, ele até esteve sempre em cena, mas como o elo mais fraco. E agora prepara-se para levar com o seco: “adeus!”.

Um elo por onde é fácil pegar, ou se preferirem despegar. Sem experiência política, acaba por ser a vítima ideal. E por não ser político vai ser posto a andar. E isto, confesso, eu não percebo ou tenho muita dificuldade em perceber. Então não andamos todos fartos da demagogia dos políticos e das suas promessas convenientes, de ocasião, falsas e mentirosas?

Não sei se este seria o melhor ministro da economia, pois o momento é difícil e de economia percebo pouco, tenho apenas umas pequenas bases académicas, portanto, deixo essa avaliação para os espertos da matéria. Mas do pouco que sei e tenho lido, o homem até tinha ideias, intenções, propostas, acções, reformas e, por não ser político, apresentava-se livre dessa intoxicação. O problema, é que o problema é mesmo esse, não ser político, não saber lidar com as pressões, as influências e os compadrios. Tudo o que não vá a favor destas forças, vai contra elas, logo é uma ameaça e deve ser neutralizada.

São os chamados lobbys, ou lóbis (em português, eu prefiro já vão ver porquê).

São uma das grandes virtudes portuguesas, só que não estão devidamente explorados. No que aos lóbis diz respeito, devemos estar na crista da onda! O Álvaro sugeriu a exportação do pastel de nata, mas eu tenho uma outra ideia que deixa esta do pastel a um canto: por mim criava o franchising do lóbi português, e exportava-o! É isso mesmo! São décadas de experiência acumulada que podem fazer a diferença lá fora. E há mercado! Começava pelos BRIC (Brasil, Rússia, India e China) e juntava Angola e Moçambique. A corrupção às claras não é bem vista. A minha teoria é que o lóbi é o estágio seguinte da evolução. Qualquer um destes países está bem atrás de Portugal no ranking da corrupção (para pior entenda-se), o que equivale a dizer que ainda têm muito que aprender ao nível do lóbi. O lóbi, é dissimulado, não se dá por ele, mas sabe-se que está lá e os resultados são tão bons ou, em alguns casos, melhores do que a corrupção. Só pode dar certo! Deixo aqui algumas ideias e marcas de sucesso, não estão registadas e se alguém as quiser aproveitar: “Bancolóbi”, “Lóbenergy”, “Cimentóbi” ou ainda mais generalista “Lóbi e o Tareco”.

O que eu gostava mesmo é que passássemos para o estágio de top. Sem corrupção, sem lóbis, sem regimes de excepção, sem leis e alíneas à medida de uns e outros, dos que as fazem e dos que delas beneficiam, com leis de responsabilização que julguem sem olhar a quem, sem o “vens de onde, para onde queres ir? Venho das obras públicas, mandei fazer uma ponte e quero ir para a Lusoponte”. Nas obras públicas, por cá, gastaram-se mais 400% do que estava previsto para remodelar as escolas. Alguém encheu os bolsos. E o que acontece? Nada, ou quase. Os responsáveis demitem-se, mas dizem que não foram 400, foram 300… Nem que fossem 40! Na Islândia julga-se um ex-primeiro ministro. Na Suiça, rejeita-se por referendo, o aumento das férias para 6 semanas, a diminuição da semana de trabalho (42 horas actuais) e a redução dos impostos, em nome da competitividade e manutenção do elevado salário. Quando as coisas funcionam, até dá gosto.

O Álvaro, levou um voto de confiança, esvaziaram-se-lhe os poderes e perdeu um secretário de estado por causa da energia, que segundo a troika tem ficar resolvida até ao final do mês. Até ao final do mês ficará resolvido o ministro da economia e a sua permanência neste Governo. É o que me parece, mas espero estar engando. Não porque seja seu fã, o que me chateia é perceber que uma solução alternativa, fora da política, mas dentro dela, não é de todo possível.

O título desta nota até podia ser “O Álvaro II – O lóbi contra-ataca”. Mas nem precisa de contra-atacar. Com presas destas, ataca e pronto, está feito.

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