quarta-feira, 18 de julho de 2012

Portugal festivaleiro

publicado na BLITZ de Agosto de 2012
 
Gosto da palavra festivaleiro, é forte, soa bem e transmite alegria. Não haverá motivos para grandes festejos e animações, mas inversamente ao estado geral, Portugal é neste momento o país Festival. E não num sentido negativo. Nesta época do ano, dá para ficar perdido no mapa dos festivais tal é a quantidade! E com tamanho ecletismo. Norte, centro e sul. Interior, serra, planície e litoral. Praia e campo. Continente e ilhas. Só a tmn está em três, a Optimus em dois e a Vodafone noutro. RTP, SIC, rádios e jornalistas. EDP e Partido Comunista. Super Bock e Sumol. Relva, pó, cimento, muralhas ou terra. Pop, rock, jazz, metal, alternativa e electrónica. Clássico e contemporâneo. Palcos grandes, médios, pequenos e tendas VIP. Bandas, mais que muitas, novas, velhas, jurássicas, nacionais e estrangeiras.

É só escolher. Serão mais de cinquenta festivais, centenas de bandas, centenas de milhares de espectadores e milhões de euros a circular. Em quatro deles na zona de Lisboa, foram noticiados cerca de 32 milhões de euros em bilheteira, alguns dos quais, de milhares de estrangeiros provenientes de meia centena de países. Números e mais números que não se podem desprezar. Com as exportações em alta, seria de pensar em exportar… festivais. Logisticamente poderá ser um problema. Não o será a internacionalização da nossa sobeja e reconhecida capacidade de mobilização e organização deste tipo de eventos. O que não se exporta é uma praia do Meco ou Zambujeira, um castelo de Sines, uma ilha do Ermal, um passeio marítimo, uma foz do Douro, uma cidade ou uma região. Podem-se exportar sensações, emoções e experiências, por intermédio da importação de espectadores que certamente serão a melhor publicidade nos seus países de origem. Curioso que de um estado, em que a capital é um santuário da música, o Reino Unido, vieram este ano muitos festivaleiros. Que poderão trazer muitos mais. Se gostarem do que aqui vivenciaram. É fácil destronar a chuva, o frio e a lama. Para além da música há outros ingredientes que nos colocam num patamar de altíssima atratividade: preço, sol e praia, comes e bebes, gentes. A oferta acontece fora do festival, mas também lá dentro, com as inúmeras empresas nacionais que dão suporte, fazendo negócio ao mesmo tempo que se promovem. Poderá um hamburger de carne alentejana com queijo limiano vingar fora de Portugal? Tentar, só custa lá estar, um festival pode ser o primeiro veículo de publicidade.

Ultimamente apenas se ouve dizer: o futuro é lá fora. Mas também pode ser cá dentro. Haverá tradução da palavra festivaleiro?

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