Paulo Furtado, um dos vocalista dos Wraygunn diz gostar de viver em Portugal. Das nossas gentes, costumes e locais. Não acha necessário emigrar para fazer carreira e ter sucesso internacional na música. A sua e a dos seus companheiros de palco. Definem-se num estilo inpirado pela localização de Portugal no centro do eixo América-África. É o que dá fumar cenas! Podia-lhes dar para pior, mas o resultado até é bastante bom.
Apesar de serem fãs do seu país, o nosso, é que parece não ser
grande fã… da música. Numa época em que o digital cada vez mais nos consome e
nós o consumimos, a música não é excepção. As vendas digitais começam a ser tão
ou mais importantes que as vendas palpáveis. Excepto, neste nosso país. Ao contrário
de muitos outros onde o crescimento é exponencial, em Portugal o mercado de
música digital não cresce. Não tem expressão. E a culpa é da nova lei
anti-pirataria que não sai. Não! A culpa é da cultura. A cultura musical não é
apreciada como um bem essencial. É antes depreciada com um preço inflacionado
pelo valor acrescentado de imposto à taxa máxima. Não que a cultura não tenha
valor, ou o valor cultural da música que se produz, a sua qualidade, não atinja
o patamar máximo. Porque o atinge. E cada vez mais, dada a quantidade e
qualidade de novos grupos. E se o atinge, ou só por isso, não deveria ter
equivalência no imposto, antes pelo contrário. Mas não é essencial. Não é
essencial porque não se educa e transmite a sua arte e apreciação. Tanto
no ensino oficial, nas escolas, como no privado, fora das escolas, entre cada
um de nós.
Para mim, e apesar de ser um consumidor muito pouco assíduo
de música, acho-a essencial. Ela própria faz parte da essência. É como um
tempero de vida e um marcador de memória. Outros haverá mais dedicados e
dependentes da música que, porventura, lhe acedem mais facilmente metendo a pala
no olho e embarcando na aventura da pirataria cibernética. Mais do que fácil, é de
borla! À boa maneira portuguesa. Navegar à procura do melhor saque, para mim é
sinónimo de trabalho e enfado. Com tanto tablet e smartphone, duas ou três dedadas
e 10 euros compra-se um álbum inteiro. Recebe-se troco e uma brochura. Digital claro.
Há já partidos piratas que defendem a não
existências de limites na net. Cada um será livre de piratear e até se pode
defender a pirataria como meio difusor e avaliador do sucesso de uma banda, mas
a globalização não pode ou não deveria, ser desculpa para não se valorizar árduas horas de trabalho. Interfere-se com
outras liberdades e, directa ou indirectamente, mais tarde ou mais cedo, acaba-se
por interferir com a nossa.
Restará, para já aos Wraygunn e outras bandas portuguesas cantar em inglês. Agradam cá dentro e vendem lá fora.
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