quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Fábulas da pontinha


Desta pontinha da Europa ou das várias pontinhas, principalmente as do sul, histórias que têm sido ultimamente utilizadas por todos e mais alguns para caracterizar os mais variados episódios da atualidade nacional. Pelos políticos principalmente. O rato (o Macedo, tomei a liberdade de escolher um animal, à boa maneira da fábula), disse haver mais cigarras (calões para ele, políticos oportunistas para nós) do que formigas (os trabalhadores). Uns dias antes, na quadratura do círculo, na sic, foi um desfilar de personagens nos comentários aos então recentes anúncios do ministro das Finanças. Desde logo no painel: uma pereira (o Pacheco), um lobo (o Xavier) e um sapo (o Costa, não no nome mas na figura). Começou o lobo (o Xavier), num tom pausado e com o seu quê sobranceiro por contar que quando o leão (o Passos) está moribundo, até o burro (o Seguro, o Jerónimo ou o Louçã) lhe dá pontapés. Ao que a pereira (o Pacheco) contrapôs com exigência de objetividade, caso contrário também ele contaria a história do boi (falas, falas) e a rã (mas não dizes nada). E assim continuaram com referências a outras histórias e lendas, o Rei vai nu (o Governo), o Pedro (o Sócrates) e o Lobo (a troika)… e eu “Irra, acabem lá com isso e desenvolvam!”, óbvio que não me ouviram.

De histórias e disfarces percebem eles, mas nós queremos é transparência e competência. Fábulas, conheço-as agora melhor, conto-as à noite aos meus putos, de um livro que as tem originais e em verso, eles adoram os desenhos e ficam sem perceber se a história já acabou, mas acabam por dormir, embora que com a sensação de que foram enganados. Tal como nós, mas nós já passamos a fase da sensação, não queremos que nos embalem e adormeçam como se fôssemos crianças. Estamos bem acordados, temos pouco sono e muitas insónias! Não resulta. É má comunicação: 1º nem toda a gente conhece as fábulas; 2º mesmo conhecendo-as, nem sempre a moral é clara e evidente (como na da rã e do boi em que eu próprio fiquei baralhado); 3º é muito fácil trocar os animais e subverter a moral (certo Macedo?); 4º irrita ouvir falar de coisas sérias com este desplante. E assim também eu anuncio que o macaco (o Vítor) fez mais umas macacadas, a raposa (a troika) está à espreita e os animais (nós) em alvoroço e sem governo.

Pior ainda, é que foi um grego (o Esopo) que inventou as fábulas, só faltava que quem as aperfeiçoou (o La Fontaine) fosse alemão em vez de francês, o que já de si é suficientemente mau.

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