sábado, 28 de abril de 2012

Gunn on pirates

publicado na BLITZ de Junho de 2012
 
Paulo Furtado, um dos vocalista dos Wraygunn diz gostar de viver em Portugal. Das nossas gentes, costumes e locais. Não acha necessário emigrar para fazer carreira e ter sucesso internacional na música. A sua e a dos seus companheiros de palco. Definem-se num estilo inpirado pela localização de Portugal no centro do eixo América-África. É o que dá fumar cenas! Podia-lhes dar para pior, mas o resultado até é bastante bom.

Apesar de serem fãs do seu país, o nosso, é que parece não ser grande fã… da música. Numa época em que o digital cada vez mais nos consome e nós o consumimos, a música não é excepção. As vendas digitais começam a ser tão ou mais importantes que as vendas palpáveis. Excepto, neste nosso país. Ao contrário de muitos outros onde o crescimento é exponencial, em Portugal o mercado de música digital não cresce. Não tem expressão. E a culpa é da nova lei anti-pirataria que não sai. Não! A culpa é da cultura. A cultura musical não é apreciada como um bem essencial. É antes depreciada com um preço inflacionado pelo valor acrescentado de imposto à taxa máxima. Não que a cultura não tenha valor, ou o valor cultural da música que se produz, a sua qualidade, não atinja o patamar máximo. Porque o atinge. E cada vez mais, dada a quantidade e qualidade de novos grupos. E se o atinge, ou só por isso, não deveria ter equivalência no imposto, antes pelo contrário. Mas não é essencial. Não é essencial porque não se educa e transmite a sua arte e apreciação. Tanto no ensino oficial, nas escolas, como no privado, fora das escolas, entre cada um de nós.


domingo, 15 de abril de 2012

MAC - o berço do país

A MAC é o berço do país. Não confundir com o facto de Guimarães ser o berço da nação. Não se trata de nenhuma ataque anti-regionalista, são coisas diferentes. A MAC é o berço de Portugal!

A MAC é vida. Fechá-la é morrer. É matar um pedaço de Portugal. É dispersar e perder conhecimento acumulado de valor incalculável na ciência de fazer nascer, dar vida e oferecer paternidade. A MAC é também sinónimo de justiça e pluralidade social. Todos nascemos iguais, ou devíamos, quanto mais não fosse na possibilidade de acesso a cuidados de assistência médica com segurança e qualidade.

O nascimento é um elemento fulcral da sociedade. Contribui para o equilíbrio da pirâmide demográfica e numa altura em que se fala tanto na sustentabilidade da segurança social, congelam-se as reformas antecipadas a montante e cortam-se nos nascimentos, a jusante. É claro que este corte é insignificante em termos quantitativos, mas como se já não bastasse a falta de política de incentivo e apoio à natalidade, não deixa de ser mais uma machadada. Mesmo que simbólica e moral. Apesar de não conhecer os números, simbólica deverá ser também a poupança de despesa que justifica este fecho. Ou o ganho na rentabilização do aproveitamento dos serviços de parto e neonatologia de outros hospitais. Ora, sendo simbólico, de certo não o será a dispersão, logo perda, de conhecimento de valor inestimável, como já referi. Nascer não é como arrancar um dente, por muito amor que se tenha a um dente. Nascer é sim, o expoente máximo de um acto de amor! Com todo o sofrimento, emoção e responsabilidade que acarreta. Então porquê fechar? Privilegie-se pelo menos desta vez o que é genuíno, nosso, tradicional, cultural, cientifico!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Coca-Cola: por um mundo melhor

Li no jornal Público algumas conclusões do RASI de 2011. Parece um nome indiano, mas não, é o Relatório Anual de Segurança Interna. Constatam-se factos e analisam-se resultados. Resumidamente a criminalidade baixou residualmente relativamente ao ano anterior (2%), com destaque, na baixa, para o crime violento. 

Aumentaram os delitos menores, por esticão e assaltos a ourivesarias. Um sinal claro da crise e dos seus efeitos. É preciso liquidez imediata, não há tempo para engendrar grandes esquemas, com homicídios pelo meio, correndo-se o risco de não se sair tão cedo de uma cadeia sobrelotada, onde, ao que parece, grande parte são estrangeiros, que enganados ao que vinham, tornaram-se violentos. Ser violento é relativo. Está dentro de nós, faz parte da nossa natureza, só que está adormecida. Experimente-se não dormir, ou mal, durante muito tempo, junte-se-lhe fome, ruído, saturação física e psicológica, desespero, luta pela sobrevivência, pânico e… é vê-la acordar.

Tal como noutras coisas neste país, também nos crimes, ou na violência se assiste a um desequilíbrio de distribuição geográfica. Porto e Lisboa têm as maiores fatias e o resto é paisagem. Ou quase. Na paisagem destaca-se Setúbal, não só pela beleza natural, mas porque completa juntamente com as capitais os 75% do crime português.