Praça da Alegria, contorna-se pela direita e antes do
cruzamento do Hotel, fica do lado esquerdo. Eram as indicações que tínhamos. Lá
fomos, às apalpadelas, pois só a poucos metros se percebe que é ali. Entrámos
no Jardim dos Sentidos, mas não podemos ficar a apanhar ar por causa do PAN. O
restaurante é simples, com a decoração cuidada e típica de apelo espiritual de
um vegetariano que se preze. Paredes em cal tosca, levemente amarelada,
divisórias com arcos largos em ruínas, reveladoras de tijolo maciço fino. Luz
indireta nas paredes, vela na mesa e candeeiros pequenos de ferro velho no teto
só para enfeitar. Ambiente calmo, acolhedor, sem constrangimentos, mas um pouco
abafado, principalmente com a porta para o jardim fechada por causa do PAN.
Para abrir, uma caipirinha com personalidade própria: blocos
de gelo bem formados, ao contrário do normal picado, rodelas generosas de lima, mergulhadas
em bastante líquido doce e alcoólico, num copo entre o alto e o normal baixo da
caipirinha. Para contrapor um chá de jasmin, quente sem açúcar, calmante para
noites tranquilas, dizia. Para picar, cogumelos no forno, com recheio de espinafres
e mozarela gratinada. E o primeiro PAN! De sabor, a fazer subir a expectativa
para o restante.
Para comer, lasanha 4 queijos de vegetais e bife seitan com
molho master chef de cogumelos. Só pelo nome, nada de mais. Primeira garfada e…
PAN! Nova explosão. Alimentada por uma breve salada com um leve molho de
iogurte e um borrão de puré de marmelo picante. PAN, PAN! Fecha-se a porta e
começa o discurso de 12 minutos do PAN. Partido pelo Animal e pela Natureza, o
Ratatoille aqui safava-se. Sem corrente de ar sobe a temperatura e, mais um
golo. Assim vale a pena ouvir um discurso político, mesmo que sumido através da
porta e com as palavras “sócio económica” pelo meio. VIVA O PAN! Viva! VIVA O
PAN! Viva! VIVA O PAN! Viva! Em maiúsculas, que qualquer político que o seja
tem que berrar pelo menos uma vez por discurso.
Para sair, sobre a mesa, crumble quente de maçã e ameixa com
gelado de baunilha. PAN! Segue a conta que não foi nada de extraordinário para
o espetáculo a que se assistiu. E toca a servir os convidados do PAN que eles
ainda eram muitos. Mãe quero mama, diz uma criança na mesa
ao lado. PAN sempre! A triplicar (ou mais): PAN, PAN, PAN!
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