As secções jornalísticas destinadas à correspondência dos
leitores causam-me algum desconsolo. Em nome da poupança de espaço, cortam e
truncam o que lhes apetece. No fundo praticam austeridade literária. E nesse
sentido, sinto-me lesado, pois a minha, boa ou má, não deixa de ser literatura.
É por isso que reclamo um artigo publicado, mas num espaço condigno, sem
censura e com relativo destaque. É ambicioso e presunçoso? Sim. Mas apetece-me
reclamar os meus 15 minutos de fama. Que serão apenas algumas dezenas de
segundos, não mais do que o tempo que demora a ler um texto como este.
Por ventura estarei a ser demasiado pretensioso. Afinal de
contas, não tenho qualquer formação superior que me confira qualquer
credibilidade para, de repente, querer publicar um texto. Mas antes desabilitado do que com uma licenciatura “relvaticamente” formada. Ou forjada. Bem sei que vivemos numa
selva em que vale tudo. Mas eu estudei, trabalho, desconto e na velhice a única
certeza que tenho é a de que a reforma será uma miragem. A mesma reforma que
outras ervas daninhas adquirem em meia dúzia de anos no parlamento. As tais
subvenções criadas pelo Cavaco para compensar os que servem o país, pelas
oportunidades profissionais perdidas no tempo de desgovernação. Vá lá que o
Sócrates estava atento e acabou com isso. Terá sido o assumir que afinal a
governação não fecha portas, abre sim os gabinetes de grandes empresas. As
mesmas onde se começa a pagar e procurar mais um serralheiro ou um carpinteiro,
do que um arquiteto ou um engenheiro. Isto assim escrito, até teria alguma
piada, mas não tanta, ao ponto de arrancar gargalhadas daquelas que permitem
aos novos famosos, os palermas dos comediantes, terem colunas em tudo o que é
revista e jornal.
Ora então, se hoje em dia se fazem licenciaturas
instantâneas, que não servem para nada pois precisam-se é de ferramentas, não
de canudos, se qualquer palerma publica num jornal e se cada vez mais se
reclamam oportunidades, então eu também quero! Não que escreva maravilhosamente
bem, mas isso até pode ser requisito. Escrevo o que me vem à cabeça e tento
transmiti-lo genuína e arcaicamente na melhor forma. E não me deem secções de
correspondência ou do leitor. Eu nem sou grande leitor. Muitas vezes não tenho
paciência, leio as gordas e tento ficar com uma ideia. Ler, vale a pena, mas
tem que haver disponibilidade mental e assimilação de qualquer coisa. Ler, só por
ler, sem entrar nada é que não. É por isso que fico por
aqui.
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