sábado, 1 de setembro de 2012
Stress pós férias-crise
Já era conhecido o stress pós-férias, que não é mais do que
o nome pomposo para ressaca e preguiça depois do descanso. É este o estado
geral da sociedade portuguesa, nesta altura do ano. O que safa é haver ainda
pouco trânsito. Os sintomas são claros: ansiedade, cansaço, tristeza, mau
humor, insónias. E como estamos em crise, as férias onde é suposto descansar
dos deveres e obrigações quotidianas, foram diferentes. Com a crise, as férias
foram cá dentro, é o mesmo que dizer que fizemos férias nela, com ela ou dentro
dela. Da crise entenda-se. Nas férias o português arranja sempre forma de contorná-la
e de certa forma esquecê-la, o que até confere o sentimento de realização
pessoal. Não dá para ir para fora ficamos cá dentro, não dá para ir para o
Algarve, ficamos na Costa, não dá para ficar no hotel ficamos em casa e comemos
fora, não dá para comer fora, fazemos o farnel e levamos para a praia, não dá
para comprar de marca, compramos da marca do supermercado. E isto cansa. De um
dia para o outro as férias acabam e apesar da crise ter estado sempre presente
na lancheira, voltamos ao trabalho e deixamos de a conseguir contornar. Lá se
vai a realização pessoal do desenrasque. O stress pós-férias é assim agravado
pela crise, dando lugar ao stress pós férias-crise que é trinta vezes pior.
Estamos sensíveis e perante qualquer acontecimento, faz-se um grande alarido e
entra-se em histeria. São estes os dois sintomas que distinguem um stress do
outro: alarido e histeria.
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