domingo, 25 de novembro de 2012

Musée d’Or (2 de 3)

Fiz como o Sócrates, pirei-me e fui desanuviar. Está visto que fui a Paris. E resulta, em poucos minutos e durante alguns dias esquece-se por completo tudo o resto. A cidade faz jus à fama e somos completamente absorvidos por ela. Dá vontade de andar todos aqueles quilómetros para trás e para frente, rio acima, rio abaixo e simplesmente apreciar. A cada rua, caminho, esquina, paisagem, brota cultura, misticismo, história e arte. Um património de valor incalculável, percebe-se estimado e rentabilizado pelos franceses. Milhões e milhões de turistas e euros a circular. Ininterruptamente. A vaidade e exuberância francesa de outros tempos foi preservada, até um paralelepípedo chamado de obelisco que roubaram aos egípcios lá está, em substituição da guilhotina, erguido na praça que ironicamente se chama de concórdia. A própria guilhotina para lá deve estar, eu não a cheguei a ver. Vi muitas outras coisas e dei comigo a pensar, e nós? Com séculos e séculos de história com o mais variado recheio, não teríamos o suficiente para fazer o equivalente a centros comerciais de museus? Espera, isso já temos. Não teríamos o suficiente para fazer estádios de museus? Isso também. Não teríamos o suficiente para fazer autoestradas de museus? Outra. Aproveitando a deixa do Miguel Sousa Tavares, não teríamos o suficiente para fazer Alquevas de museus? A quantidade de quitangas que os nossos descobridores arrecadaram (roubar era para outros), daria certamente para algo mais do que apenas especiarias. Não que despreze as especiarias, têm a sua função, mas para o turismo, não será fácil convencer um turista, dizendo-lhe que há por cá bom petisco.

É certo que temos outros atrativos de grande valor e características únicas, mas quanto a museus, Portugal, estando longe de ser um zero, podia ser muito mais. Teremos passado suficiente para vários Louvres. Segundo se diz, desbaratamos quase tudo em ouro. Temos das maiores reservas de ouro do Mundo, pelo menos relativamente ao nosso tamanho. Em termos absolutos somos 14º. Em termos práticos pouco vale, apenas chega a cerca de um terço da ajuda total do resgate atual do FMI. Então, se não temos total liberdade para o vender, nem isso adiantaria grande coisa, sugiro que se crie o museu do ouro. Sempre tive curiosidade em saber se ele existe mesmo em forma de barras, ou como uma qualquer gruta pirata, num mar de joias. Seria algo grandioso, imagine-se uma sala longa e no centro, protegidas por uma redoma de vidro à prova de roubo, toneladas de ouro em barras ou joias, todas amontoadas e acessíveis, à vista, dos visitantes. Para mim seria brilhante! E para completar o quadro, num dos topos, qual guardiã, o retrato pintado da Merkel em pose Mona Lisa.

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