quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Paris em 2 dias (3 de 3)

Em jeito de itinerário turístico e porque me deram bastante jeito as sugestões cibernéticas, aqui ficam as minhas impressões do nosso percurso em Paris. Quem sabe se também não serão uma ajuda para alguém.

Dia 0. Ficamos na zona Staint-Michel-Notre Dame, Saint Severin num hotel com o mesmo nome. Recomendo. A chegada de comboio subterrâneo leva-nos para uma emersão abrupta no meio de um cartão de visita: Catedral Notre Dame. Por muito que se tenha evoluído, e existam vistas de rua no Google, nada se compara ao estar lá e ter o sentido de estar perdido com um ligeiro atordoamento de toda a envolvente, os edifícios históricos, o rio, a ponte, a ilha. Depois de largadas as malas e como o sol desaparecia rapidamente, de novo para o comboio com destino ao ícone maior: Torre Eiffel. A primeiríssima impressão até nem foi assim tão impressionante, mas com a aproximação, o céu num límpido azulão de início de noite, a torre iluminada de amarelo e crescente a cada passo, as toneladas de ferro parecem ter íman. Não se desvia o olhar e só paramos quando ela nos cobre. Um crepe com chocolate e outro com mel para aquecer. O rio sempre presente. As filas intermináveis levam-nos a atravessar a ponte e subir ao Trocadero e de novo a torre, no centro, avistada de local com engenho milimétrico para nos ombrearmos e iludir com a possibilidade de a agarrar com a própria mão. Já de regresso ao Quarter Latin para jantar num dos muitos restaurantes das movimentadas ruelas desta zona. Sopa de cebola em todos os menus. Não fiquei fã, ao contrário da Tatiana.

Dia 1. Depois da entrada rápida no interior da catedral do corcunda, segue-se o Hotel de Ville. Imponente, telhados íngremes, escuros, caraterísticos, numa praça larga apenas agitada pelo som da brisa forte nas árvores. Manhã cedo. Fria, cinzenta, céu baixo e carregado, gotas de chuva aqui e ali, algumas rajadas que desarranjam o cabelo, ruas sossegadas e apenas ocupadas pelo tempo desconfortante. Pouco convidativo mas, para mim, o ideal para a viagem à época sombria e inóspita da Idade Média. Seguimos para Este pelas ruas do bairro Marais até Place des Vosges. Apanhamos o metro para poupar as pernas, pois o dia é longo, e invertemos o sentido rumo ao Louvre.

A saída da estação leva-nos para a fila da entrada. Perto de uma hora para o conseguir, com compra do bilhete incluída. Podia ser pior. Mapa, orientação e resistência para explorar os 3 pisos de museu. Estátuas, estatuetas, espadas, joias, jarras, tapetes, carpetes, utensílios, quadros e mais quadros de toda a parte numa vasta coleção. Até ao quadro dos quadros: Mona Lisa. Ir a Paris tem que significar obrigatoriamente visitar o Louvre. Dá para meio dia, nós despendemos perto de 3 horas, porque o corpo já reclamava, o sol chamava lá fora e o almoço também.

No Jardim dos Tuileries, curta paragem para descansar, aquecer o estômago com baguetes e croissants do Paul, que está em todo o lado, o rosto com o sol intimidado por nuvens teimosas e a alma com um café expresso de 2 euros por ser de levar, para ficar seria mais 1. Continuando para Oeste, o jardim termina na Praça da Concórdia, larga, agitada pelo trânsito em redor do obelisco e de duas fontes, à esquerda uma das inúmeras pontes de curta distância sobre o Sena, esta também da Concórdia, bem larga, com vista para mais um palácio.

Segue-se, uma das avenidas mais famosas do planeta: Campos Elísios. Umas primeiras centenas de metros verdes que antecedem a azáfama. O sol segue baixo e demorado no horizonte, talvez um dos motivos para a multidão que se passeia por esta zona da avenida, autêntico centro comercial a céu aberto, onde se torna difícil progredir. Termina-se em mais um marco: Arco do Triunfo. Nova paragem, desta feita deitados mesmo numa das laterais do arco, motivos: descanso e sol. No seguimento da avenida ainda avistamos La Defense, mas cortamos pela Kléber em mais uma caminhada até ao Trocadero e, de novo, a torre. Fotos e mais fotos, vários casamentos com noivas arreganhadas, um grupo de dança de rua com boa mexida dance dos anos 80. Mais uns crepes para recarregar  baterias e corda aos sapatos pela margem direita do rio até Pont D’Alma. Bateaux Mouches e cruzeiro noturno a descoberto, mas com fatiota à pescador do Mar do Norte, pelo Sena com os vários monumentos iluminados. Outro programa obrigatório.

Dia 2. Manhã mais cinzenta e chuva um pouco mais persistente. Pequena incursão a pé para Sul. Domingo no seu início como tantos outros, calmo e com pouca gente. Panteão, universidade Soborne, Jardim Luxemburgo pouco povoado, um grupo de turistas, atletas matinais e dezenas de cadeiras de ferro, verdes, vazias para dias de relaxe ao sol. Metro, que o dia anterior fez mossa. Para Norte, chegada a Montmart para a visita a mais um ponto a não perder: Basílica Sacré Couer e bairro envolvente. Escadaria, numa encosta elevada que permite uma visão sobre boa parte da cidade. Aqui teria preferido o sol em vez do frio, chuviscos e vento cortante. No interior da basílica bem mais aconchegante, decorre a missa dominical, o que não impede os turistas de circundarem todo o recinto, dentro do silêncio possível. Nova oportunidade para descansar enquanto decorre a homilia. Place du Tertre, pequeno largo onde se pinta tudo e mais alguma coisa, apesar da humidade.  
Continuação pelo bairro e uma das ruas mais famosas, Lepic, morada do café da Amélie, que não visitamos. Avistamos sim o Moulin de la Galette, antes da ponta final da rua. Aqui já se sente a vivência de um bairro típico, com todo o comércio e agitação das compras matinais de domingo, pão, fruta, legumes, chocolates, bolos, em pequenas mas cuidadas lojas de rua, e de novo o Paul, mais baguetes e croissants. A rua termina no Moulin Rouge, e na avenida do red district de Paris, Boulevard de Clichy. Depois de breve paragem, longa e nada rentável caminhada para Sul. Já com sol aberto passamos pelas galerias La Fayete fechadas por ser domingo. Ópera e paragem para cappuccino e chá quente. Nova praça, Vendome, rodeada pela alta costura. Ironicamente damos por falta do impermeável da Tatiana. Nova igreja, em forma de templo clássico grego, Madeleine, com pequena escadaria a partir da qual se percorre sem andar, apenas com olhar frontal, a Concórdia, obelisco, ponte, palácio Bourbon e cúpula dos Invalides.
Para onde seguimos, mas apenas avistamos da Ponte Alexandre III. Já sem grandes planos, desperdiçamos a oportunidade que o primeiro domingo do mês oferece para visita gratuita aos museus d’Orsay e Rodin. As pernas não ajudaram à decisão. Entramos no metro, duas mudanças de linha, percursos labirínticos nos túneis das estações e ligações. Sem grande beleza não deixam de ser interessantes pelo emaranhado e longevidade aparente, talvez o mais parecido com os tuneis dos esgotos, também visitáveis. Alguns minutos depois, poucos para a distância, estamos na ponta Este da cidade já bem fora do centro, e saímos com entrada direta para o cemitério Pére Lachaise. Imensidão fúnebre de última residência de várias celebridades, com direito a mapa e tudo. Fomos em busca do mais famoso com a campa mais discreta e escondida: Jim Morrison. Local também onde alguns, visitantes, desfrutam do pôr-do-sol. Regresso ao hotel e tempo para mais um crepe. Pequeno passeio à noite pela zona Saint-Michel.

Mais Meio dia. Última manhã, com nuvens sem chuva, mas mais frio. Passeio calmo pelas redondezas em dia de fecho de museus, descoberto da pior forma: nariz na porta do Carnavalet. Regresso pela ilha Saint-Louis, residência de privilegiados e pouco mais, no passar do tempo para a despedida, na submersão para o comboio de regresso. Não teremos visto tudo, o que não passará de mera desculpa para um regresso certo. 

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